Talvez o quotidiano tenha sido sempre assim.
Talvez a maturidade dos anos nos abra os olhos e sobretudo os ouvidos, para a hipocrisia do Estado e das suas instituições.
Hoje, tive de percorrer alguns dos circuitos burocráticos que armadilham o percurso do imigrante que pretende dizer que está oficialmente vivo em Portugal.
O Estado, que, surpresa das surpresas, somos todos nós, dá de dia para retirar durante a noite.
Vanguardista dos Direitos do Homem, quando se trata de assinar Acordos de equiparação de direitos dos cidadãos entre determinados Estados e quando publica legislação de protecção imigrante, vem, depois, pela calada, boicotar todas as medidas legais que publicou para ficar bem na fotografia.
Postos de atendimento sobre lotados, funcionários exaustos que se refugiam na impaciência e na brusquidão e, fundamentalmente, normas internas verbais que reduzem a pó qualquer modernidade do procedimento administrativo e armadilham o exercício de direitos dos menos esclarecidos.
Simplesmente maquiavélico, como tomas conhecimento de determinados procedimentos de legalização ou de direito a cuidados de saúde e nos confrontamos com os respectivos caminhos labirínticos, onde em cada curva nos surge um funcionário, mascarado de competente, a dizer que «as coisas não são assim tão fáceis».
Governantes que nos borrifam com perdigotos de hipocrisia, quando nos entram em casa a afirmar que «Portugal tem a legislação mais avançada de apoio à imigração».
Basta perguntar ao primeiro brasileiro que lhes serve uma bica.
Ele explicará...
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