08/11/07

ATÉ QUE O POVO SE ERGA


É conhecido o fervor religioso das populações rurais, que o marcelismo-salazarismo sempre procurou explorar como forma de dar uma explicação divina para as desigualdades na terra.

A Madeira de antanho, da qual Cardoso Jardim foi um orgulhoso megafone, alimentou especialmente este fundamentalismo religioso.

O poder político-administrativo, apoiado nos outros poderes fantoches reinantes na ilha, num novelo diabólico, puseram a população de joelhos.
Mas, Cardoso Jardim, conseguiu o feito de ter passado da ditadura à democracia, sempre encostado ao poder instituído.

O país vivia a ressaca da embriagues libertadora do 25 de Abril. Mas nos gabinetes frios dos paços episcopais, os tradicionais aliados das ditaduras mais repressivas arquitectam estratégias libertadoras da tenebrosa esquerda.

O bispo Francisco Santana entregou-lhe a direcção do «Jornal da Madeira», então o órgão oficial da Igreja, apostando em Cardoso Jardim para que a Festa ficasse à porta da abençoada Madeira.

No Verão Quente de 75 levou-o pela mão de paróquia em paróquia, apresentando-o às estruturas católicas e ao que restava do aparelho do Estado Novo.

E o milagre aconteceu! Ao sobrinho dedicado da ditadura, bastou adicionar uma dose de marialvismo alcoólico, umas distribuições de sacos de cimento e umas cumplicidades bem cozinhadas e ei-lo, transformado no popular defensor de pobres e oprimidos, paladino da autonomia e do progresso.

As gerações mudaram, mas a exploração da religiosidade do povo madeirense apenas se requintou.

Os comícios à saída das missas, nos adros das igrejas, foram o trampolim de Jardim, que chegou ao poder apoiado na Igreja e o foi cimentando à custa dos crentes que continuam ajoelhados.

A Virgem Maria regressou a Fátima, mas deixou no seu lugar o Sobrinho do Dr. Cardoso...



1 comentário:

Anónimo disse...

Optimo POST!!! muito forte!!

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