O inferno tem nome - Urgências do Hospital de Almada.
Durante algumas horas, distribuídas por 3 dias, fui visita de um familiar internado nas urgências.
Talvez por não ser frequentador habitual e não conhecer esta realidade, fiquei deveras impressionado.
A sala de espera variou entre "muitos utentes" e "vagão de transporte de judeus para campo de concentração", conforme a hora do dia.
Nela, assisti:
- Ao drama de uma família, informada da morte de um parente.
- Ao desmaio de uma senhora, no exterior da sala, uma vez que esta estava superlotada e que foi transportada por outros utentes até uma cadeira de rodas do hospital
- A gemidos de dor e silêncios profundos
- A carinhos de filha a pai octogenário e discussões resultantes de sequelas familiares
- A reclamações preenchidas e frustração por já repetidas sem um sinal de serem atendidas
- Eu próprio chamei um segurança, que, pressionado, fez o favor de chamar outro contrariado, para prestar assistência a uma jovem que pedia auxílio
- À renúncia em esperar para ser atendido, pelo tempo de espera e por alegado favorecimento de terceiros na lista de espera.
Compreende-se que sejam reacções de pessoas em situação anómala de stress, reforçada pelas más condições da sala e do serviço a ela inerente.
Mesmo a tentativa de humanizar o ambiente com a colocação de 2 televisões, parece não ter sentido quando a ligação aos canais nacionais é feita ... sem som!
O espaço das urgências propriamente dito é uma benção ao facto de não me ter licenciado em medicina, nem optado pela enfermagem...
Velhos moribundos esperando, impacientes, a passagem administrativa para a classificação de "corpo".
Velhos menos moribundos que se erguem da maca e não compreendem que, na maca ao seu lado, não mora a cara da sua companheira de sempre.
Os apenas idosos que gemem e outros idosos que a máscara não permite gemer.
Tragédias físicas, abordadas tecnicamente, são mais uma experiência, mais uma aula, poderá ser de outra forma?
No meio de tudo, um homem saudável ... corroído por dentro.
E, para que não falte nada, um jovem que dói, sentindo que aquele não é o seu tempo!
Dou umas braçadas, o mergulho no inferno terminou, estava sem fôlego.
Até um dia...
13/03/08
Mergulhar no inferno
Postado por RR às 3/13/2008
Marcadores: saúde em Portugal. inferno
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A vitória do Ponto e Vírgula
Ressuscitemos a célebre exclamação - "Isso agora, ponto e vírgula".
Esta frase de cariz popular, representava uma forma simbólica de dizer que levantava muitas objecções e exigia explicações a algo que lhe merecia desconfiança.
Regresse o "ponto e vírgula" como forma de dizer BASTA!
Apareçam sempre por aqui!
Esta frase de cariz popular, representava uma forma simbólica de dizer que levantava muitas objecções e exigia explicações a algo que lhe merecia desconfiança.
Regresse o "ponto e vírgula" como forma de dizer BASTA!
Apareçam sempre por aqui!
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