01/10/09

Pergunta ao vento que passa, muito ao largo do Seixal


Fui assistir a um debate entre os candidatos à Junta de Freguesia do Seixal.

Foi um debate vivo, com alguma intolerância à mistura, mas aprendi qualquer coisa.


Após um período de alguns minutos atribuídos a cada candidato, a palavra foi para o público.

Algumas questões pertinentes, curiosamente vindas dos mais jovens, mas outras demasiado "clubísticas", sobressaindo destas, as denunciadoras de um poder exclusivo sobre esta propriedade denominada Seixal.

Críticas como:

- Candidatos que não nasceram aqui, vêm para aqui falar do Seixal ...

- Como podem criticar quando não sabem o orçamento da Junta?

- Vejo aqui pessoas que não são da Freguesia ...

- Nunca vi os candidatos da oposição nas sessões da Assembleia de Freguesia, portanto como é que podem falar?


Infelizmente, inscrevi-me para falar quando o período de perguntas já tinha encerrado.

Já agora, aqui vai a pergunta que eu não fiz:

- Nasci em Chaves, vivo na Freguesia de Corroios, não sei qual é o orçamento da vossa Junta e tão pouco estive presente em qualquer das sessões da Assembleia de Freguesia.

Assim, pergunto à mesa se, com este terrível ferrete, terei direito a uma pergunta aos candidatos.
Confesso que, quando o meu velho amigo Lara Cardoso denunciava que havia aqui pessoas na sala que não eram do Seixal, senti-me transportado aos filmes do Oeste Americano, quando o sheriff da terra corria a tiro com todos os forasteiroa, receando que lhe viessem perturbar a paz pôdre da sua cidade.
Bem-vindo ao séc XXI, caro amigo.


A pergunta é muito básica.

Considero que a Freguesia é a estrutura política mais perto das populações e dos seus problemas. Como se ouviu aqui, são estas pessoas que melhor conhecem os problemas locais.

Contudo, é estranho que o público esteja ausente da esmagadora maioria das sessões das Assembleias de Freguesia.

Na verdade, as pessoas apercebem-se que sendo os orçamentos das Juntas, insignificantes, pouco podem fazer por elas. Não havendo dinheiro, não há poder.

Não acham que é altura de todos nós sermos exigentes? De sermos, neste caso sim, intolerantes para o poder que não quer distribuir mais poder aos que estão próximos das populações?

E não me venham dizer que isso nos ultrapassa!

Tudo o que me diz respeito, não me ultrapassa !


Talvez tenha sido melhor assim. A minha pergunta só iria destabilizar a ecológica discussão sobre fraldas e bancos de jardim, legitimamente trazidos à liça pelo actual Presidente da Junta e pelos trocos com que gere a freguesia !

3 comentários:

Luís Costa Correia disse...

Tem toda a razão, o estimado Autor de "A fúria do cajado".
Enquanto não houver mais recursos atribuídos ao poder local de base, bem como mais atribuições e competências - nestas incluindo as de natureza política - não haverá a participação democrática suficiente, e continuaremos a ser governados por instituições que estão "longe" de nós .

RR disse...

Quem quiser conhecer melhor o tema Poder Local e uma interessante proposta sobre a "reforma do sistema político", aconselha-se vivamente a leitura de
http://luismdccorreia.googlepages.com/porumareformadosistemapol%C3%ADtico

permitindo-me transcrever uma das frases mais elucidativas:

Como resolver então, ou pelo menos atenuar, o problema do distanciamento entre eleitor e
eleito?

Uma solução: o fomento de uma maior participação dos cidadãos ao nível local,nomeadamente na vida das freguesias, desde que a estas sejam transferidos mais recursos,
e que aos seus representantes sejam também atribuídas competências na eleição de outros
órgãos do poder político central.

SE NÃO HOUVESSE TANTA ARROGÂNCIA INTELECTUAL NA NOSSA CLASSE POLÍTICA, SERIA DECISIVO OUVIR OUTRAS OPINIÕES ABALIZADAS.

Pensar Seixal no Século XXI disse...

As freguesias são apenas uma visão micro de uma realidade muito mais transcendente. Existe falta de cultura democrática e as pessoas olham para os partidos como clubes de futebol sendo incapazes de discernir o que quer que seja.

Tenho estado em todos os debates nas freguesias (como sabe) e posso asseverar-lhe que têm sido todos muito semelhantes.

Não posso deixar ainda de deixar um outro pensamento: o conceito de freguesia (como unidade administrativa) é uma falácia e não faz hoje qualquer sentido.

Cumprimentos,
Filipe de Arede Nunes

PS: Agradeço o seu comentário que registei com agrado.

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