A sucata sempre foi um negócio sujo, por definição e por ambição.
Sempre conhecemos os depósitos de sucata como locais que, pelo seu aspecto terceiro-mundista, estava na penumbra da lei, o que, para alguns olhares se tornava fascinante.
Sempre olhámos para os sucateiros como uns senhores que viviam em grandes moradias, protegidas do mau-olhado da lei por uma capa de azulejos berrantes. Esporadicamente, as suas famílias saíam das ditas casas para ocuparem longas mesas de marisqueiras.
Uma parte obtusa do povo sonhava ser sucateiro.
Não sei se Manuel Godinho encaixava neste perfil.
Caso negativo, será pelo facto da sujidade e da lagosta serem maiores.
Regozigamo-nos, como povo anónimo, porque a lei vai pedir contas aos que subiram na vida a pulso ... fechado! Os mascarados de políticos, os quadros desta teia e outros que ficarão eternamente de fora.
Contudo e mais uma vez, aquela parte do povo que está próximo destes "habilidosos do negócio", lamenta que o benemérito da sua terra, generoso e sempre pronto a ajudar os bombeiros, a Santa Casa e o clube de futebol, seja perseguido, coitadinho!
Que raio de povo é este que tapa o sol com as migalhas que lhe lançam?
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