01/07/09

O carteiro das boas intenções


Olivier Besancenot, carteiro de profissão e dirigente do Novo Partido Anticapitalista (NPA) assinou uma declaração com o Partido de Esquerda (PG) em que se comprometem com a apresentação de listas conjuntas às próximas eleições regionais de Março de 2010, alargando o convite ao Partido Comunista Francês e a outros colectivos da esquerda francesa.


Os signatários sublinham que os resultados das eleições europeias, mais do que uma vitória de Sarkozy - apenas um em cada dez eleitores votaram no partido que governa - mostraram a "incapacidade da esquerda em se apresentar como verdadeira alternativa".


Os seus eleitos "conservarão total liberdade de voto e recusarão aceitar medidas e orçamentos desfavoráveis aos trabalhadores e à população", lembrando que as políticas neoliberais contra os direitos das populações também foram aplicadas por eleitos locais do Partido Socialista.


Lá como cá, quer seja poder, quer seja oposição, constata-se que os partidos socialistas estão a afastar-se cada vez mais dos grandes princípios que estiveram na sua origem.

Por uma mera questão de coerência, impunha-se que assumissem uma nova designação, uma vez que, tendo colocado o «socialismo na gaveta», nunca mais o encontraram, na confusão de ideias neoliberais que proliferam na referida gaveta histórica.

Partido da Gaveta?

Seria mais coerente!


Por outro lado, será que os avanços eleitorais da direita na Europa e a notória falta de qualidade da Democracia que campeia nos diversos corredores de poder, irá, finalmente provocar um encontro das esquerdas e dos independentes, dando prioridade à necessidade de trilhar caminhos comuns, abdicando dos atalhos históricos que cada um definiu, para chegar a um limbo de tolerância, solidariedade e modernismo?


As declarações de dirigentes do PCF no sentido de alargar ao PS a dita Frente de Esquerda, constitui o primeiro obstáculo.

Com efeito, tem sido através de acordos com o PS que o PCF tem conseguido manter a maior parte dos seus eleitos nos órgãos insitucionais.

Chegou a altura de fazer grandes opções.

A tradicional tendência dos PC's em constituir-se como vanguarda única dos processos de mudança é um sério obstáculo.


Será que o carteiro conseguirá entregar todas as cartas de apelo à conjugação de esforços, ou algumas serão devolvidas devido ao destinatário continuar em "quarentena histórica"?

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