O último post, sobre "Anonimato na blogoesfera" desencadeou alguns comentários reveladores que o tema é sensível a muita gente e merece a nossa preocupação.
Embora eu nunca tenha escrito/comentado algo sem me identificar, aceito que haja razões válidas para um procedimento contrário.
Contudo, exponho aqui dois princípios que me parecem legítimos:
- Opondo-me a medidas que reprimam a liberdade de expressão, é evidente que existem comentários e escritos na blogoesfera que, pelo seu conteúdo, podem constituir um factor bastante redutor deste meio de comunicação e diálogo, pondo em causa toda a sua actual credibilidade.
Assim, preconizo que deve ser a própria comunidade, a ostracizar os autores desses atentados éticos.
- Embora admita a necessidade pontual de recorrer ao anonimato, entendo que, mesmo sem nos identificarmos, devem prevalecer valores de seriedade de opinião e de comportamento ético, como se estivessemos abrangidos pela lei que rege esta sociedade, com todos os seus defeitos e as suas lacunas e assim em pé de igualdade com aqueles que se identificam e dão a cara pelas afirmações e denúncias que entendem fazer.
Acredito que este conceito possa ser simplista, até porque podemos considerar que os aplicadores da lei sofrem as mesmas pressões sociais e políticas do poder como os restantes membros da sociedade e portanto o anonimato também pode servir para contornar a injustiça duma lei que tende a perpetuar quem está no poder.
Contudo, não havendo soluções milagrosas e ideais, é bom lembrar os graves problemas resultantes de acusações precipitadas e até mentirosas, resultantes dos "benefícios do anonimato.
EM CONCLUSÃO:
Esta minha opinião pretende juntar-se a outras que foram emitidas no post anterior e fundamentalmente, convidar os bloguistas a discutir esta questão, tão importante para o futuro da blogoesfera.
23/08/09
Anonimato - convite à discussão do tema
Postado por RR às 8/23/2009
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Ressuscitemos a célebre exclamação - "Isso agora, ponto e vírgula".
Esta frase de cariz popular, representava uma forma simbólica de dizer que levantava muitas objecções e exigia explicações a algo que lhe merecia desconfiança.
Regresse o "ponto e vírgula" como forma de dizer BASTA!
Apareçam sempre por aqui!
Esta frase de cariz popular, representava uma forma simbólica de dizer que levantava muitas objecções e exigia explicações a algo que lhe merecia desconfiança.
Regresse o "ponto e vírgula" como forma de dizer BASTA!
Apareçam sempre por aqui!
4 comentários:
Sobre o anonimato ver um artigo interessante
http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/tvi24-google-tecnologia-identidade-insultos-nova-iorque/1083307-4069.html
Da página pessoal do Cte Costa Correia, uma interessante perspectiva enquadrável no presente tema:
Eleições e NetEsfera
O termo "NetEsfera" inserido no título do presente texto pretende abranger todo um conjunto de possibilidades de intervenção que cresceu exponencialmente desde que se realizaram as últimas eleições legislativas em Portugal, e que inclui para além das páginas institucionais e pessoais toda uma panóplia de possibilidades que antes se resumiam aos "chats", com as limitações que os caracterizam.
Surgiram assim as áreas de comentário em páginas, nomeadamente nos jornais "online", as redes de contactos de "Sms" e de correio electrónico pelas quais circulam múltiplos textos e no caso do correio electrónico fotos e vídeos ou referências a existência destes no "Youtube", bem como os "Myspace", "Hi5", "Facebook", e os "Blogs", aos quais acaba de se juntar o "Twitter", e que têm permitido aumentar enormemente a capacidade de intervenção dos cidadãos e a exposição do seu pensamento.
Embora ainda sem uma taxa de penetração total no seio da população, a percentagem dos cidadãos que usa ou é atingida pelos citados meios tem crescido muito e constitui agora uma faixa significativa, tanto mais importante porque tendencialmente formuladora ou retransmissora de opinião, e que no caso das últimas eleições presidenciais nos EUA desempenhou um papel que se julga ter sido essencial para a difusão de ideias e projectos.
De uma breve análise de uma amostra dos textos que circulam nesta "NetEsfera" verifica-se uma constante: o desejo de participar na vida pública.
E também se constata haver óbvio desencanto pelo facto de tal desejo não ter grandes possibilidades de se concretizar, uma vez que para tal seria necessário estar inserido num partido político - o que aparentemente não se torna atractivo para a grande maioria das pessoas que se exprimem na NetEsfera - embora haja como é óbvio intervenções de pessoas que por serem militantes ou simpatizantes de partidos políticos defendem os respectivos pontos de vista, mas parecendo nitidamente estarem em minoria.
Os partidos políticos deveriam estar atentos a este tipo de comportamentos e de intervenções, não só no que respeita às suas estratégias de presença na NetEsfera, mas também pelo que prenunciam em termos de aumento de taxas de abstenção e de votos em branco - provavelmente atingindo mais os partidos do centro político.
Mas, mais importante, deveriam estar atentos ao que tais reacções significam em termos de potencial rejeição do actual modelo de organização política, em que se acorda apenas aquando de eleições.
E ter presente que sem a participação directa a partir do poder local não poderá existir uma vida política mais saudável, a qual de imediato se traduziria também na NetEsfera.
16.Agosto.2009
A propósito do artigo citado por "Fúria do Cajado", que se refere a uma decisão judicial impondo a revelação da identidade de alguém que recorrendo ao anonimato insultou a pessoa que de tal se queixou, e da amável transcrição de um ponto de vista meu, acrescentaria que já existem outros casos de decisões análogas, pelo que a prazo poderá haver uma saudável auto-restrição que distinga o ataque pessoal da crítica a ideias.
A NetEsfera, algo de novo na história da comunicação entre as pessoas, irá entretanto criando as suas próprias regras,juridicamente traduzidas e inseridas no quadro da normal relação entre as pessoas, e que inevitavelmente incluirão formas de cooperação internacional no sentido de haver sanções para quem as infrinjam - embora aqui possamos assistir quer a restrições provocadas por estados autoritários, quer ao desprestígio dos que acolham sistematicamente quem se queira colocar á margem do que seja ético.
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