Já passava da meia-noite.
Uma senhora a gesticular e a tentar expressar-se em "ibérico" pedia ajuda num local ermo da estrada Comporta-Tróia.
Depois de elencar as situações similares que deram origem a crimes, percebi que havia 2 crianças a chorar e um Mercedes de matrícula espanhola enterrado na areia da berma da estrada.
Um lago de suor mais tarde, um cobertor destruído e umas lições de como desenterrar carros dadas por um português e a operação estava concluída com sucesso.
«Dalles um besso!», gratificou o pai recorrendo às niñas assustadas.
Esta cena ocorreu-me ontem, 32 anos depois de ter sido "salvo" por um madrileno.
Seguia no meu Fiat 124 para o aeroporto de Madrid, para passar o fim de semana em Portugal.
Hora de ponta.
Num túnel, o 124 abandonou-me. Deixou de dar sinais de vida, ao contrário de milhares de outros que me buzinavam.
Saído de um filme de heróis, um espanhol encosta o seu carro à traseira do meu e lá seguimos até o 124 regressar ao convívio dos vivos.
«Gracias amigo», gratifiquei eu para o herói desconhecido que regressou à multidão.
32 anos mais tarde as contas estão saldadas.
Se fosse um filme americano, o meu salvador de Madrid tinha-me caído nos braços numa noite da estrada da Comporta.
O filme é português, mas as contas com espanhóis estão saldadas!
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