Ontem mergulhei num "banho de cadeira" das 7 da manhã às 9 da noite, na Mesa 14 na Freguesia de Vale de Milhaços. A Mesa dos eleitores mais velhos de uma terra de reformados.
A senhora que chora porque, o marido nunca mais virá votar.
O marido que treme ao dizer que a mulher não votará porque já não sai da cama.
A idosa que jura não voltar, porque os transportes públicos não lhe conseguem substituir as pernas doentes.
O homem satisfeito por cumprir um dever cívico, mas que não convence o filho a fazer o mesmo.
Os 21 votos nulos, onde uns pedem mais transportes públicos, outros uma ajuda do Presidente da Junta e outros que vieram de casa, propositadamente, para riscar o boletim de voto.
Depois, a contagem dos votos, com um amigo a telefonar-me dizendo os resultados essenciais ...
Depois, continuar a contar, para "eles" fazerem pequenos acertos!
Finalmente, os velhos sem esperança, novamente regressados ao estatuto de politicamente dispensáveis, "disseram" que acreditavam no PS (171 votos) ou que mantinham a fé (CDU 137 votos).
O "aparelho" do PCP, envelhecido pela luta e cristalizado pelo Comité Central, suportava o funcionamento das Mesas. Mais tarde, em suspiros de clandestinidade, murmuravam "Bloco de Esquerda", perdendo-se na escolha dos adversários e esquecidos da excelente votação numérica.
À noite, renovam a esperança, Jerónimo de Sousa diz-lhes que venceram, que derrotaram a direita, que o capitalismo ..., mas já não ouvem, porque conhecem o resto do discurso e é preciso preparar as bandeiras para as próximas lutas. O fascismo não passará!
O Bloco de Esquerda não tem aparelho. Herdou um somatório de pequenas e dinâmicas militâncias, apoiado em modernas e profícuas tecnologias.
Sócrates alimentou-o. Todos os dias o abastece de jovens precários, sem eira nem beira, mas com formação académica no saco e com muito pouca vontade de se resignarem.
Os outros, os veteranos dos 0.5% ou mais tarde dos 2.5% eleitorais, os das "vitórias morais" acumuladas em derrotas eleitorais desde o 25 de Abril, saboreiam uma experiência nova e acreditam que a Utopia não é só caminhar, caminhar, caminhar ...
Para onde?
Consulte o blogue do lado, sobre magia e espiritismo!
3 comentários:
Boa cajadada.
Gostei do texto e das observações nele contidas.
Pena que esta democracia esteja moribunda por falta de participação activa.
Obgigado pelo comentário
Infelizmente até aos leitores deste blogue falta participação activa.
Não tenham medo das cajadadas...
eu tiro o meu chapeu aos mais novos, um deles que fez 18 anos no dia 6 de junho e a quem demos os parabéns atrasados e por ter ido votar.
eu estive na mesa 13 da Escola João de Barros em Corroios e aí pela primeira vez o BE ganhou uma das mesas e na minha ficou em 2º. a 3 votos dos sucialistas.
Um sorriso de orelha a orelha, é bom ganhar algumas vezes e gozar as trombas dos sócretinos.....
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