17/12/07

O caldeirão do canibalismo histórico


Giscard d'Estaing, é considerado o "pai" da fracassada Constituição Europeia, rejeitada pela França e pela Holanda. Mas é ele que, dentro desta paternidade, nos faz a ponte para África e nos faz situar em Lisboa, nos alucinantes dias de Cimeiras e Tratados, consubstanciados, quase exclusivamente, em "fotos de família" e sorrisos mediáticos.


Giscard, quando Presidente da França e certamente pelos mais baixos interesses neo-colonialistas, assumiu-se como «membro da família» de um senhor denominado Bokassa (não, não nos referimos à sua imitação madeirense), imperador napoleónico do paupérrimo Império Centro-Africano. Diamantes, carruagens douradas, filas deMercedes e rios de Moet et Chandon, mesclavam-se, num ritual negro, com assassinatos banais e juradas acções de canibalismo.


O tempo correu, para trás ficaram Bokassas, Mobutus, Idi Amins, Giscards e até a Constituição Europeia.

Agora, a passadeira vermelha é estendida em Lisboa a Mugabe, Eduardo dos Santos, Kadhafi e até o canibalismo se refinou, agora todos os seus súbditos são sugados até ao limite; por outro lado, a Constituição Europeia vestiu vestes masculinas, assumiu-se como Tratado e só frequenta parlamentos.

Adivinhem quem veste a pele de Giscard?

Sócrates! Montado em Durão Barroso, «virou uma página da história». Mas as páginas continuam negras e ilegíveis e até as letras andaram dispersas, nostálgicas de Bokassa, pelos corredores do Ritz e, saídas do Livro Verde, compuseram a farsa das tendas amuralhadas de S. Julião.


Bokassa morreu de ataque cardíaco, como se fora qualquer mortal, mas os cozinheiros do canibalismo histórico continuam a remexer o caldeirão, ao ritmo de Dulce Pontes e com o Tejo como fundo, alimentando-o indistintamente de famintos e segregados africanos ou de trabalhadores europeus amordaçados na sua voz de renegarem uma prometida proletarização.


Eu te coroo, pá!

1 comentário:

Anónimo disse...

Brilhante POST!! A ideia é óptima, mas a expressão é fantática!

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