A Tourada de Ary dos Santos para além de alimentar os acordes finais de um período negro da nossa história, tinha uma musicalidade que se colou a uma geração.
Ainda hoje, sentado na minha bicicleta, senti a vibração da Tourada, quando tive oportunidade de presenciar os testemunhos de um acordar da privilegiada urbanização da Aroeira-Golfe, numa das suas entradas.
Entram Unos e Vanettes
Saiem topos de gama
Também sai uma Paulette
Sem cama
Desfilam brasileira e ucranianas, estratificadas, seja pelo uso de autocarro, seja pela condução do seu Fiat Uno. Vão tratar das casas. No fim do dia sairão maltratadas para tratar das suas.
Sai alguém a pé, em vestido de noite, adornada de imitações e de frustrações.
Entram russos e africanos, uns identificados pela sua nacionalidade outros apenas pelo seu continente. Vão levantar paredes e cortar relvas. Uma estação de música pimba será a sua companhia.
Saiem velhos de Mercedes e novos de Porches. As fêmeas acasalarão mais tarde. As mais velhas com os Mercedes, as mais novas com os Porches.
Os seguranças fazem subir e descer cancelas da entrada na urbanização. Estranho, porque tudo é espaço público.
Mas é importante que todos saibam:
- Para o "lado de lá", só entram quem "eles" querem!
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