05/04/10

Cortina de fumo




Esta táctica naval, de lançar uma cortina de fumo por parte dos contratorpedeiros, posicionados a favor do vento e permitindo aos navios mais poderosos da esquadra uma melhor disposição no campo de batalha de forma a iludir o inimigo, atravessou os tempos e parece que ainda não se dissipou.
As manobras políticas do poder, seja ele nacional, regional ou local, escondem-se atrás de fumaças de propaganda, procurando ocultar dos adversários políticos e dos cidadãos, os estudos, planos e desenvolvimentos dos grandes objectivos políticos, económicos e sociais.
Principalmente, quando esses programas condicionam o futuro de grandes núcleos populacionais, como é o caso do Projecto do Arco Ribeirinho Sul (A.R.S.).
Para que não pairem quaisquer dúvidas, estaremos empenhados em apoiar qualquer projecto que rompa com as actuais assimetrias entre as duas margens do Tejo.
“Para os navegantes com desejo de vento, a memória é um ponto de partida”, citando Eduardo Galeano. Por isso, é oportuno recordar que é tempo de destruir os dejectos do espírito da ditadura que apoiava a construção do império da CUF na margem sul para “salvaguardar dos ruídos e da poluição, os ouvidos e os pulmões da capital”
O Plano Estratégico deste A.R.S., a concretizar num prazo de 12 a 18 anos e envolvendo receitas e investimentos fabulosos, vai entrar na casa de cada um de nós e condicionar o futuro das próximas gerações. Fortes razões para participarmos efectivamente na sua discussão.
Efectivamente e não através de monólogos públicos, nem disponibilizando consultas de documentação que nos fazem sentir tecnicamente estúpidos.
Preocupa-nos que os nossos autarcas façam reviver o conceito de “Uma cidade com duas margens”, pela mensagem que transmite de descaracterização social e cultural das áreas ribeirinhas em apreço.
Um processo de “copy e paste” do modelo Expo para os espaços ocupados pela Margueira, Siderurgia e Quimiparque, merece o nosso repúdio, pelo conceito limitado a ofertas de habitação, comércio e serviços nas 3 referidas áreas, quais “ilhas socialmente descontaminadas”, em prejuízo da desejável instalação de redes de infra-estruturas, equipamentos, pólos de investigação e desenvolvimento, em todo o Arco Ribeirinho Sul.
É necessária a reabilitação urbana de toda a área abrangida pelos seis concelhos, reprovando qualquer visão redutora de três novas frentes de urbanização privilegiada com fácil acesso à capital.
Neste soluçar de informação, vislumbra-se novo festim de especulação imobiliária no recente discurso do Presidente da Sociedade Arco Ribeirinho Sul: - «O mais urgente é concluir os Planos de Urbanização. Depois é estabelecer um programa de lançamento de projectos, organizar o negócio da urbanização e a venda de terrenos para promoção privada».
Venham ventos fortes que limpem esta cortina de fumo que nos habituou a ver protegidos objectivos que não serão as nossas escolhas.
Para que a esquadra não afunde os nossos sonhos …

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