28/02/09

O quotidiano não vai ao Congresso

Vamos falar do mundo real, do quotidiano deste país.
Vamos falar da vergonha da saúde em Portugal e de alguns daqueles que, no terreno, complementam a cruel política deste sector no nosso país.
Vamos falar das nossas silenciosas cumplicidades.

Algarve, All-garve, se quiserem, a região mais turística do paíVerificação ortográficas.
Nesta semana, um amigo meu, desesperado, socorre-se do Centro de Saúde de Quarteira.
Às 19.30, meia-hora antes das consultas, depara-se com 28 utentes mais prevenidos.

A funcionária chega à hora das consultas, senta-se no trono e proclama: - Por ordem de chegada!
Confusão, não estão previstas senhas, por isso todos chegaram primeiro. Grávidas e semi-mortos, ali não há "privilégios".


Segunda proclamação enfadada: - Serão atendidas apenas 30 pessoas!
No exercício do seu direito de cidadania, ele pede o Livro de Reclamações para que, amanhã, a confusão seja menor. Bem bastam as maleitas, a crise e ... a vida.
Espanto e depois mais enfado: -Não temos! O anterior foi todo preenchido e ainda não veio outro.

Os utentes-zombis preocupam-se. Alguém está a sair da formatação! Ai Jesus, se o Sr. Dr. ouve ...
Pior ainda. O intruso segue o determinado pela Lei - chama a Polícia!!!
Meu Deus??!

A autoridade chega com aparato, dialoga em surdina e quer sair sem inimizades sanitárias.
«Não há Livro de Reclamações, mas amanhã passe por cá que o assunto resolve-se.»
O meu amigo não colabora, quer provas da participação, etc, os seus 39º de febre começam a pesar.


Às 23 horas é atendido, ou melhor é "atendido". Ainda não acabou de transmitir os sintomas e já tem uma receita na mão, qual guia de marcha. «Olhe que o antibiótico é muito caro», «Chame o seguinte - o António Pereira».



Na farmácia de serviço recebem-no com um sorriso. «Hoje o Dr. acabou-nos com o stock deste antibiótico, volte lá para ele lhe passar outro».
39.5º!



Meia-hora antes de encerrar o período das consultas, toda a equipa tinha dado cabo da dose de 30 pacientes. À porta uma mãe, mendiga uma urgência para o filho de colo.
Um minuto depois, a sentença médica: Temos de esticar as consultas para não aturar isto ...
4oº!!!



Sem comentários:

Add to Technorati Favorites

Contador

O poder da mente

O poder da mente
Nós os iluminados

Arquivo do blogue

A vitória do Ponto e Vírgula

Ressuscitemos a célebre exclamação - "Isso agora, ponto e vírgula".
Esta frase de cariz popular, representava uma forma simbólica de dizer que levantava muitas objecções e exigia explicações a algo que lhe merecia desconfiança.
Regresse o "ponto e vírgula" como forma de dizer BASTA!

Apareçam sempre por aqui!

Na dita Madeira profunda

Na dita Madeira profunda
Bela homenagem (Março 2004)