Um governo Bimby
Alguém me falou na milagrosa máquina de cozinha Bimby. Segundo a sua página oficial, a Bimby “tem capacidade para fazer quase tudo, a uma velocidade inacreditável”. Ela corta, bate, amassa, mói e tritura.
Não lhes lembra qualquer coisa? Por exemplo uma espécie de governo, capataz da troika que nos governa?
Nesta trágica bimbalhada, onde pretendem cozinhar tudo o que mexe desde que não tenha um código de barras que o identifique como rico, nem tudo vai bem:
- O Presidente da República sustenta que corte nos subsídios viola “equidade fiscal”, sendo portanto injusto
- O ex-PR Mario Soares limita-se a dizer que “é um disparate tremendo”
- O insuspeito Guilherme Silva diz que a proposta do OE 2012 atropela a Lei das Finanças Regionais
- O sindicato dos Juízes Portugueses classifica a suspensão, encapotadamente transitória, dos subsídios de férias e Natal, como violenta, injusta, discriminatória e inconstitucional.
- Entretanto, o Ministro da Defesa, que por inerência do cargo tem residência oficial no Forte de S. Julião da Barra, andava sorrateiramente a receber um subsídio de alojamento. E não andava sózinho...
Como cereja em cima do bolo, as violentas declarações do Capitão de Abril, Vasco Lourenço, sobre a profusão de falsas promessas e mentiras eleitorais do nosso 1º Ministro:
- «O poder foi tomado por um bando de mentirosos»
Algo explodiu nesta abananada democracia.
O mês de Novembro não dará tréguas a quem nos governa desta forma. As manifestações da função pública, dos militares e a greve geral, afastarão o Pai Natal para outras paragens.
É neste contexto que o governo suspira pela musculada ajuda das forças de segurança, mas os seus sindicatos já declararam adesão à manifestação de 12 de Novembro. A máquina Bimby poderá responder “a uma velocidade inacreditável” fazendo deslizar uns subsídios de última hora para as referidas forças de segurança.
Na data em que é escrita esta crónica, Passos Coelho sabe que este austerizado país está espremido e nem a NªSª de Fátima alimenta causas perdidas.
O O.E. em discussão, apenas servirá para triturar o que ainda resta do odiado sector público. Juntem-lhe uns impostos injustos e caminharemos alegremente para 2012!
Os olhos virar-se-ão para o cutelo que virá da Europa, assistindo como meros espectadores à disputa franco-alemã, cujas agendas apontam para salvar a banca europeia e deixar afundar o emprego e os problemas sociais.
Estará temporariamente salvaguardada a avidez da especulação dos mercados? Talvez façam um compasso de espera, para voltarem mais violentos e para assaltarem, em última análise, os bolsos dos contribuintes.
Passos Coelho regressará feliz de Bruxelas. Para ajudar a consolidar os bancos, voltará a explicar que temos de fazer mais sacrifícios.
Mas este governo Bimby devia saber que não é possível meter na máquina ingredientes do tipo BPN, Parcerias Público Privadas, obra de João Jardim, injustiça social e económica e sair de lá um país mais justo onde seja possível viver com dignidade.
Neste mar de sacrifícios, Passos Coelho é claro ao deixar-nos o seu legado político:
- Portugal só sairá da actual crise, empobrecendo.
A escuridão ao fundo do túnel...
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