Este estudo da Sondagem CM/Aximage pretende quantificar a transferência de votos das Legislativas para as Presidenciais
J. Lello atribuiu as culpas do fracasso ao BE e tentou matar 2 coelhos
Com esta ajuda de última hora para a nossa especulação, diremos o seguinte:
- Os Lellos deste PS votaram Cavaco (20%) e os socialistas mais à esquerda votaram Alegre (21%). O BE sempre admitiu esta divisão mas só o tempo dirá se alguns destes descontentes com a política de direita deste governo PS virão engrossar as fileiras do BE. Não havendo doces de poder para distribuir no Bloco, veremos se este filtro será efectivamente um obstáculo
- O eleitorado do BE não se identificou com este candidato (65% abstenções) e apenas 18% votaram Alegre. Não foi fácil passar a mensagem interna para distinguir o "espírito de carneirada" a que os bloquistas têm horror, da adopção de uma táctica política englobada numa estratégia a longo prazo.
- O discurso de Fernando Nobre captou mais o eleitorado de direita (CDS 15%) do que de esquerda, facto a que não será alheia a receptividade à mensagem anti-políticos do que a saudável mensagem de cidadania, o que não deixa de não ser frustrante
- O futuro, pensamos nós, passa pelo problema da abstenção.
Uma parte destes abstencionistas está de tal forma socialmente etilizada que repetirá monocordicamente a ladainha de que "são todos uns ladrões", "estou a borrifar-me para eleições" e outras frases que estranhamente caíram na moda.
Contudo, outra parte está de tal modo descontente e revoltada, que recusa dar a alguém a única coisa que ainda não lhe roubaram - o seu voto. Na verdade, entregam-no na mão dos outros eleitores.
Mas será junto destes últimos que estará o futuro.
Esse futuro não passará por requintar novas formas de "compra" ou de "roubo" de votos.
Acreditamos que passe por novas formas dos partidos estarem na sociedade:
- Actualmente, as sedes partidárias são vistas como covis onde alguns "gajos"(e "gajas") se encontram para lixar o pessoal. É preciso abri-las e pô-las à disposição de associações e de outros grupos de pessoas.
- É preciso que outras pessoas "normais", como José Manuel Coelho, entrem na política. Vejam esta imagem de um conceituado fazedor de opinião, Miguel Sousa Tavares - (...) e se até os srs Lopes, Moura e Coelho acham que podem ser candidatos à função (de Presidente). A velha ideia de Salazar de que "os estudantes estudam, os trabalhadores trabalham e os governantes governam" ainda está enraizada (e alimentada...) e serve de auto-demissão individual para as nossas responsabilidades colectivas.
- É preciso um gigantesco trabalho de denúncia e combate aos que têm a responsabilidade de nos informar e fazem da realidade uma bola de futebol e um filme trágico num hotel de Nova Iorque. Para a população que ainda não tem o filtro devidamente apurado para a intoxicação jornalística, é fundamental que os comentadores políticos, económicos e sociais, não vistam a mesma camisola embora com tonalidades habilidosamente diferentes.
- É preciso reformar os barões e os dinossauros políticos, que manipulam os bastidores sem que alguém os tenha eleito
- É preciso que política deixe de ser um sinónimo, genericamente aceite, de habilidades, de trapaceiras ou de benefícios pessoais.
- Finalmente, algo tem de mudar para não termos um Presidente da República escolhido por apenas 23% dos portugueses.
A bola a que estamos acorrentados
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