27/03/12

A DECÊNCIA ESTÁ EM


«Portugal gastou mais do que ganhava» - Trichet 

MAS:
Natália está só, pobre e doente (do Público de 20 Março de 2012)

Natália tem 57 anos e um tumor na hipófise. Recebe uma reforma de 379 euros, dos quais só fica com 315, por causa de "umas dívidas", e tem de pagar uma renda de casa de 214 euros.

Natália tem dois filhos, o mais novo desempregado ("algum ouro que tinha foi todo destruído para comer"), o mais velho com um ordenado muito pequeno. Trabalha nos serviços municipais, paga uma renda de casa de 250 euros e tem de sustentar quatro filhos. A mulher trabalha nas limpezas.

Por isso, os filhos não a conseguem apoiar. Vive em Ponte de Sor e não tem dinheiro para ir às consultas no Instituto Português de Oncologia (IPO). Também não tem dinheiro para medicamentos. Este mês ainda não pagou a luz. Já foi operada duas vezes. Queixa-se de fortes dores de cabeça. "Tenho uma vista fechada. Há dias que quase não vejo". Vai começar a fazer radioterapia. Natália está numa lista de espera para ser operada em Coimbra. "É muito longe, não conheço ninguém. Tenho uma grande tristeza".

Na semana passada, foi três vezes à urgência do Centro de Saúde de Ponte de Sor. Mas faltou à consulta de Endocrinologia no IPO.

"Às vezes, algumas pessoas amigas ajudam-me. Mas pedir, eu tenho vergonha", diz. Cada vez mais frequentemente, o médico Denis Pizhin atende doentes como ela, sem possibilidades financeiras para seguir tratamento. Sem que ninguém a verbalize, no ar fica a pergunta: quem se responsabiliza pelo que o futuro lhes reserva?

D. Natália, não tem vergonha de ter gasto mais do que ganhava?

Ou... 
Será que alguém andou a gastar pela D. Natália?

Se for o caso...
Alguém andou a gastar por ele e pela D. Natália
Alguém cometeu um roubo ou dadas as previsíveis consequências, um homicídio por negligência 

É verdade que a questão da responsabilização penal dos governantes não é pacífica. Ou melhor, é pacífica para a maioria dos partidos, que consideram esta análise despropositada.
Um bom argumento que apresenta a esquerda, prende-se com o facto de esta enorme e controversa questão só servir para distrair a atenção popular para questões de mero revanchismo, ficando campo aberto para os desmandos da actual parelha governativa.
Consideram que as questões políticas, são punidas politicamente, em última análise nas eleições.
Sendo assim, D. Natália é só esperar pelas próximas eleições e ... zás, está reposta a justiça.
Caso já tenha falecido em 2013, bem, compreenda, talvez os culpados vão para o inferno.
Claro que existe sempre a possibilidade de lá no inferno estarem constituídos uns lobbies, de o Diabo só gostar de bolo-rei e da comunicação social arder em lume brando.
Para si, D. Natália o inferno já existe. 
E vai continuar assim?

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