Estive na Aula Magna no Fórum das Esquerdas.
Depois, sentei-me no sofá para receber a perspectiva rectangular das nossas poderosas televisões.
Finalmente, dispus-me a ler as mensagens dos comentadores partidários de serviço.
Isto cansa. Não porque tivesse sido enfastiante, mas porque o trabalho mais duro consistia em descodificar mensagens e interpretar declarações.
E então?
A conclusão tem algo de redondamente cavaquista, apimentada com um futebolístico "prognósticos só no fim do jogo".
Manuel Alegre tem uma forte estrutura cultural, um percurso político coerente, mas falta-lhe "a cereja em cima do bolo". Perdeu sempre no jogo da final.
Esta realidade fere a sua indesmentível vaidade pessoal. Ainda não pode "ir para casa" sumindo-se gradualmente de cena. O milhão de eleitores das presidenciais atormentá-lo-ia todas as noites.
Pelo contrário, Mário Soares passeia nos jardins de senador vitalício e pode dormir tranquilo, a sua especialidade.
Ramalho Eanes mesmo assumindo militarmente a ordem para se retirar, não o fez sem antes levar a votos o cenário que os seus "rapazes" lhe pintavam. Só que exercer a presidência da República não é a mesma coisa que entrar na batalha política.
Cardoso Jardim, o eterno bolsai madeirense, abrigando debaixo da sua frondosa copa cerca de 2.5% da população portuguesa, coleccionador de campeonatos regionais, ainda tem a lucidez da sua dimensão. Também ele não se retirará pela porta dos fundos, sonhando em fazê-lo abrindo caminho aos tiros pela porta principal. Não lhe faltando a boina cubana, falta-lhe contudo a coragem...
Esta esquerda é para ir a votos! -declamou Manuel Alegre.
Qual o significado? Não se pode ler numa frase, o que lá não está. MA declarou que esta esquerda é para ir a votos. Tão só.
Esta frase, contudo, pode desaguar em muitos estuários.
O BE irá a votos. A Renovação Comunista procurará uma urna decente. O PS, dos "camaradas socialistas, desempregados ou em trabalho precário, dos camaradas socialistas professores que com muitos lutam pela suspensão de uma avaliação absurda ou dos que se manifestam, resistem e protestam contra o novo Código do Trabalho", também se pode rever num cenário que preencha os quesitos mínimos, fazendo assim o caminho de regresso à casa-mãe.
MA sabe que os dias deixaram de se passear lânguidamente ao longo dos meses. Pelo contrário, cada dia traz-nos situações impensáveis como na Grécia, oscilações imprevisíveis no preço do petróleo e o coração do capitalismo sangra cada vez mais sangue venoso através do santuário bancário.
Por isso, "esta esquerda ir a votos", será uma arma legítima nesta guerra de capa e espada da política portuguesa. Até a urna ser colocada à disposição dos eleitores, muitas surpresas escondidas em cofres bancários verão a luz do dia, muitas estatísticas sobre a pobreza e sobre o desemprego serão alteradas e muita ficção será sustentada em ano de várias eleições.
Helena Roseta terá os apoios já desenhados para a Câmara de Lisboa?
Onde irá pousar o voo de António Costa?
A contagem decrescente para o desenlace deste corpo-a-corpo entre professores e governo, fará correr sangue pelas escadarias do Ministério da Educação?
Manuel Alegre seguramente que encerrará a cantar Liberdade na "Trova do vento que passa". Não sabemos é quem participará dessa Trova.
A política é uma arte de antecipar o futuro. Os que esperam pelo rescaldo vão para a última bancada do parlamento.
MA na Aula Magna não fez prognósticos eleitorais, limitou-se a introduzir estímulos que poderão condicionar o futuro.
Aguardará pela resposta dos vários sectores da sociedade a esses estímulos. E assim sucessivamente...
Porque os tempos dos Planos Quinquenais já lá vão.
Agora a política realiza-se por duodécimos.
Depois, sentei-me no sofá para receber a perspectiva rectangular das nossas poderosas televisões.
Finalmente, dispus-me a ler as mensagens dos comentadores partidários de serviço.
Isto cansa. Não porque tivesse sido enfastiante, mas porque o trabalho mais duro consistia em descodificar mensagens e interpretar declarações.
E então?
A conclusão tem algo de redondamente cavaquista, apimentada com um futebolístico "prognósticos só no fim do jogo".
Manuel Alegre tem uma forte estrutura cultural, um percurso político coerente, mas falta-lhe "a cereja em cima do bolo". Perdeu sempre no jogo da final.
Esta realidade fere a sua indesmentível vaidade pessoal. Ainda não pode "ir para casa" sumindo-se gradualmente de cena. O milhão de eleitores das presidenciais atormentá-lo-ia todas as noites.
Pelo contrário, Mário Soares passeia nos jardins de senador vitalício e pode dormir tranquilo, a sua especialidade.
Ramalho Eanes mesmo assumindo militarmente a ordem para se retirar, não o fez sem antes levar a votos o cenário que os seus "rapazes" lhe pintavam. Só que exercer a presidência da República não é a mesma coisa que entrar na batalha política.
Cardoso Jardim, o eterno bolsai madeirense, abrigando debaixo da sua frondosa copa cerca de 2.5% da população portuguesa, coleccionador de campeonatos regionais, ainda tem a lucidez da sua dimensão. Também ele não se retirará pela porta dos fundos, sonhando em fazê-lo abrindo caminho aos tiros pela porta principal. Não lhe faltando a boina cubana, falta-lhe contudo a coragem...
Esta esquerda é para ir a votos! -declamou Manuel Alegre.
Qual o significado? Não se pode ler numa frase, o que lá não está. MA declarou que esta esquerda é para ir a votos. Tão só.
Esta frase, contudo, pode desaguar em muitos estuários.
O BE irá a votos. A Renovação Comunista procurará uma urna decente. O PS, dos "camaradas socialistas, desempregados ou em trabalho precário, dos camaradas socialistas professores que com muitos lutam pela suspensão de uma avaliação absurda ou dos que se manifestam, resistem e protestam contra o novo Código do Trabalho", também se pode rever num cenário que preencha os quesitos mínimos, fazendo assim o caminho de regresso à casa-mãe.
MA sabe que os dias deixaram de se passear lânguidamente ao longo dos meses. Pelo contrário, cada dia traz-nos situações impensáveis como na Grécia, oscilações imprevisíveis no preço do petróleo e o coração do capitalismo sangra cada vez mais sangue venoso através do santuário bancário.
Por isso, "esta esquerda ir a votos", será uma arma legítima nesta guerra de capa e espada da política portuguesa. Até a urna ser colocada à disposição dos eleitores, muitas surpresas escondidas em cofres bancários verão a luz do dia, muitas estatísticas sobre a pobreza e sobre o desemprego serão alteradas e muita ficção será sustentada em ano de várias eleições.
Helena Roseta terá os apoios já desenhados para a Câmara de Lisboa?
Onde irá pousar o voo de António Costa?
A contagem decrescente para o desenlace deste corpo-a-corpo entre professores e governo, fará correr sangue pelas escadarias do Ministério da Educação?
Manuel Alegre seguramente que encerrará a cantar Liberdade na "Trova do vento que passa". Não sabemos é quem participará dessa Trova.
A política é uma arte de antecipar o futuro. Os que esperam pelo rescaldo vão para a última bancada do parlamento.
MA na Aula Magna não fez prognósticos eleitorais, limitou-se a introduzir estímulos que poderão condicionar o futuro.
Aguardará pela resposta dos vários sectores da sociedade a esses estímulos. E assim sucessivamente...
Porque os tempos dos Planos Quinquenais já lá vão.
Agora a política realiza-se por duodécimos.
1 comentário:
gostei deste post! Lúcido!!
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