19/12/08

Meteorologia política

Sejamos tolerantes. O petróleo continua em baixa e a avidez dos países em desenvolvimento pode conduzir a novo consumo desenfreado. Mesmo assim, acreditamos no malabarismo tecnológico que nos impeça de regressar a uma idade média, mais sofisticada, por escassez gradual do ouro negro.


Assim, a globalização continua!


É essa globalização que nos deixa ansiosamente pendentes da guerrilha que se desenrola nas ruas de Washington. Mais precisamente na J Street. Embora não haja nenhuma J Street (as ruas horizontais vão directamente do I ao K)... Por isso o nome foi precisamente escolhido para preencher um vazio.

J Street é o nome de um novo lobby judeu nos Estados Unidos que alguns analistas prevêem que irá mudar o mapa político americano e do Médio Oriente. Uma nova postura que defende o caminho das negociações para uma solução do médio-oriente.

Do "outro lado da rua" tem um poderoso adversário: o grande lobby judeu AIPAC, infiltrado pela direita israelita, por neo-conservadores e cristãos fundamentalistas e com o qual muitos judeus americanos já não se identificam.


Agora, sempre que alguém vir o seu financiamento reduzido por ter feito declarações que o AIPAC considera “anti-Israel”, pode sempre telefonar para J Street a pedir o dinheiro que faltou, ainda que J Street seja mais um endereço URL do que um edifício.


Para termos uma ideia do calibre deste lobby, prestemos atenção a um sermão de um aliado deste AIPAC, bastante clarificador:

“Deus disse a Jeremias: ‘Enviarei muitos pescadores e depois enviarei muitos caçadores’. Os pescadores são os sionistas, homens como Theodor Herzl (jornalista judeu austríaco que se tornou fundador do moderno Sionismo) E os caçadores? Hitler foi um caçador. Como é que o Holocausto aconteceu? Porque Deus permitiu que acontecesse. Por que aconteceu? Porque Deus disse: ‘A minha máxima prioridade é fazer retornar o povo judeu à Terra de Israel.”


Se Deus o disse, porque questionamos a pertença daquele território?


Entretanto, para que lado vai cair o novo senhor do mundo, Barack Obama de seu nome?

Durante a campanha, no jogo de caça-votos, esteve presente na conferência anual do sinistro e poderoso AIPAC, tendo sido aplaudido de pé quando declarou que “Jerusalém permanecerá a capital de Israel e deve continuar indivisível”.

Entretanto, como mais vale jogar em 2 cavalos do que numa pileca, já admitiu “não concordar com todas as acções do Estado de Israel” e retratou o conflito israelo-palestiniano como “uma ferida aberta que infecta toda a política externa dos EUA”. Dias depois, Obama deu uma entrevista à CNN, esclarecendo que o estatuto de Jerusalém ” é uma questão a ser negociada pelas partes”.


Mas a hora da decisão tem de chegar.

A pressão sobre um presidente americano deixou de ter apenas uma faceta. Será suficiente para Obama tomar a decisão que atenda aos condicionalismos locais e não da bolsa de Nova Iorque?


De qualquer forma se chover na J street, na minha rua andaremos todos de guarda-chuva!

1 comentário:

xeca disse...

Espero que não, mas temo que a OBAMAnia resulte numa espécie de desiLULAsão. O unico consolo é que nunca pode ser pior que o Bushismo. Bom post.

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