Felizmente nem foi necessário João Semedo assumir a sua defesa, mas não faltará muito para que, dentro de alguns dias, uns "bem intencionados" internautas, peguem na notícia do Expresso, para "desmascarar" os deputados do BE.
Quem não recebeu um e-mail "denunciando" a publicação no Diário da República da entrada da jurista, mãe de Louçã, para o gabinete do filho? Por mero "descuido" retiraram da cópia do DR a referência à gratuitidade da referida colaboração...
A honra perdida do jornalismoPublicado às 00.03A notícia de primeira página do "Expresso" de sábado ("Deputado do BE João Semedo foi sócio do BPN numa clínica do Porto") é das mais inaceitáveis infâmias jornalísticas que vi em 40 anos de profissão. Os factos são os seguintes: Semedo (hoje deputado do BE) e outros médicos criaram em 1994 uma clínica no Porto, tendo com sócio minoritário uma companhia de seguros, a Real Vida; cinco anos depois, em 1999, essa seguradora foi comprada pelo BPN, então apenas mais um banco; oito anos mais tarde, em 2007, soube-se que o BPN não era, afinal, apenas mais um banco e que os seus dirigentes se haviam envolvido numa gigantesca fraude que custou milhões aos contribuintes; Semedo já estava entretanto desligado da clínica desde 2000. Em "O mundo a seus pés", de Orson Welles, Kane explica ao chefe de Redacção de um dos seus jornais que os factos podem não ter a mínima importância que o que torna uma notícia importante é o facto de ela vir na primeira página. Foi o que fez o "Expresso": pôs a notícia na primeira página e deu-lhe grande destaque no interior, fazendo com que os inócuos factos referidos se tornassem relevantes e lançando subliminarmente uma difusa suspeita (que suspeita?) sobre um homem honrado. Quem nos rouba a honra, diz Shakespeare em "Othelo", não fica mais rico e deixa-nos irremediavelmente pobres. A notícia do "Expresso" rouba não só a honra de João Semedo mas a honra do próprio jornalismo. |
3 comentários:
Políticos, banqueiros e os mais "horizontais" das profissões liberais são meros capatazes do capital financeiro apátrida que, obviamente, também tomou conta dos "nossos" OCS.
Então vale tudo sem olhar a meios para atingir os fins. Foi o que fez o "Expresso".
Pessoas honestas geram reacção de corpo estranho e é urgentemente preciso eliminá-las. "Hasta cuando" ?
Mais uma razão para saudar com enlevo - e alguma esperança - a coragem do jornalista Manuel António Pina.
Oxalá não tenham tempo para lhe cortar a "voz" !...
Infelizmente ainda existem muitos portugueses que não filtram o lixo que lhes chega e embarcam na moda que lhes é servida de atenuar os verdadeiros escândalos inundando a praça com histórias que incriminam toda a classe política. Assim, desculparemos Duarte Lima porque "são todos iguais"
Não podia estar mais de acordo.
Um abraço.
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