Las Vegas entrou na campanha

A máquina partidária do PS tocou a rebate.

Parece que já passaram umas décadas desde que Manuel Alegre "dividia e enfraquecia" o PS, quando não era mesmo apelidado de traidor.

Parece que Mário Soares nunca falou para o ar quando criticava Sócrates por querer "privatizar o Estado".

Nesta recta final da campanha, há indícios estratégicos do PS no sentido de considerar que a Manela anda aos tropeções e já sem ponta final, elegendo-se o BE como próxima vítima no caminho para a ilusão da maioria absoluta.

Mário Soares pretende dar-lhe o abraço de urso, tentando desmotivar o possível eleitorado do BE, uma vez que apresenta como inevitável o casamento dos dois partidos. Um casamento do tipo de algumas sociedades em que é o marido que escolhe a vítima, independentemente da sua vontade.

Com o mesmo objectivo, mas com táctica diferente, o Ministro das Finanças diz cobras e lagartos do BE.

Os cordelinhos de uma comunicação social domesticada já respondeu ao toque de rebate. A espinha dorsal dos jornalistas que se prestam ao número, tem a flexibidade da água.

Eles estavam lá, na 1ª linha, quando o PSD era governo.

Será que o legítimo entusiasmo dos apoiantes não encobre aqueles socialistas que conservam o discernimento para distinguir a prática do governo de Sócrates, escondida pelos biombos do cenário eleitoral?

As eleições do dia 27 serão a verdadeira sondagem à memória ou à superficialidade de análise do povo português.

Aqueles que se queixaram ou que sofreram na pele as medidas anti-socialistas de Sócrates, ficarão vidrados pelos argumentos de uma semana eleitoralmente americana?